Bebês prematuros aguardam leito de UTI neonatal em SC: ‘Desesperados’
Estadual – Com 200 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) neonatais em Santa Catarina, pais de bebês prematuros vivem momentos de angústia ao aguardar por uma vaga. É o caso da família da Maeve, que nasceu com 25 centímetros e pesando menos de meio quilo. Os pais só sentiram alívio quando a menina foi transferida para um hospital melhor equipado para o caso dela.
Maeve foi levada pra uma UTI neonatal, mas a estrutura não era a ideal pro caso dela. Ela precisava ser transferida pra uma unidade maior e melhor equipada. A angústia da família só diminuiu quando ela conseguiu vaga num hospital de Joinville, no Norte do estado.
O desespero da família da Maeve é o mesmo de muitas outras com bebes prematuros que aguardam por uma vaga em alguma UTI neonatal. Na maior parte do tempo, as vagas em todo o estado estão ocupadas.
“Muitas vezes, a gente acaba não tendo muita saída e fica com as crianças internadas no centro obstétrico mesmo, o que não seria o ideal. E elas ficam ali esperando uma vaga.”, afirmou a médica neonatologista Tuami Vanessa Gonçalves.
A secretaria estadual de saúde diz que está trabalhando para resolver a situação e que novos leitos estão previstos para o segundo semestre deste ano (veja nota completa abaixo).
Mas, para o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC), essa espera pode ter consequências graves.
“O bebê que nasce numa maternidade com UTI neonatal superlotada está com risco grave de morte ou de ficar com alguma sequela. Então, é urgente o investimento, dependendo da macrorregião em equipamentos e principalmente em pessoas com especialização, em médicos e pessoal da enfermagem”, disse o presidente do CRM-SC, Eduardo Porto Ribeiro.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em 2017, o Brasil tinha pouco mais de oito mil e setecentos leitos de UTI neonatal. O déficit, na época, era de 3,3 mil leitos.
Atualmente, o número de leitos aumentou para mais de 9 mil e não há dado atualizado sobre o déficit. Porém, o órgão afirma que faltam leitos e um gerenciamento mais eficiente da distribuição das vagas.
“A distribuição de leitos é muito importante, tanto quanto o número de leitos. Se a gente tiver uma rede de atenção materno-infantil bem estruturada no país, mesmo assim, nós vamos ter um número de crianças que vão precisar ser transportadas pra fora das capitais ou pra fora daquela região que tem uma densidade maior de UTI”, disse a presidente do Departamento Científico de Neonatologia da SBP, Maria Albertina Santiago Rego.
Depois passar pela fila de espera, a mãe de Maeve agora só tem um desejo: “Eu quero que ela melhore pra ir pra casa. Porque já foram perdidos dois meses e pouquinho, né, de tempo. Então o quanto antes ela ficar boa aqui vai ser melhor pra gente”.
Confira a íntegra da nota da Secretaria de Estado da Saúde:
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) está atenta à alta taxa de ocupação dos leitos de UTI Neonatal em Santa Catarina, trabalhando intensamente e trazendo soluções imediatas para eventual falta de disponibilidade de leitos, enquanto aguarda a abertura de leitos novos para atender a população.
Um exemplo são 10 novos leitos de UTI neonatal previstos para serem abertos após a inauguração do Complexo Madre Teresa, do Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí. A obra já foi finalizada e no momento estão sendo adquiridos os equipamentos. A expectativa é que os leitos estejam ativos no segundo semestre deste ano.
Aliado a isso, a SES aguarda a habilitação por parte do Ministério da Saúde de 80 novos leitos já solicitados para ampliar a rede de atendimento neonatal no estado.
A demanda por esse serviço não é exclusiva em uma ou outra região, mas em nível nacional e a SES trabalha todos os dias para atender as demandas da população.
Fonte: G1
Foto: Foto: Bruna Camargo/Arquivo pessoal