Compulsão alimentar atinge 9 mulheres para cada homem; veja causas e tratamento
A compulsão alimentar é um transtorno caracterizado pela ingestão exagerada de alimentos. Diferentes fatores podem levar a episódios de compulsão alimentar, como dietas restritivas e transtornos psiquiátricos.
Segundo a nutricionista e professora associada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP, Rosane Pilot Pessa, a pressão estética também é um fator importante a ser considerado, já que a compulsão alimentar atinge 9 mulheres para cada homem.
A compulsão alimentar é um comportamento no qual a pessoa ingere uma grande quantidade de alimentos sem controle e em um curto espaço de tempo.
“Não é aquela alimentação em que se come devagar, com prazer, saboreando os alimentos. É um ato alimentar recheado de angústia. A pessoa está comendo muito e às vezes nem sabe o que está comendo. Ingere alimentos estragados, congelados e até do lixo”, explica.
A professora diz que a pessoa que sofre do transtorno não consegue perceber a noção de saciedade. Por isso, continua comendo uma quantidade grande de alimentos.
A psicóloga Vanessa Cardoso, que atende pacientes com compulsão alimentar, diz que há uma desconexão interna com o que a pessoa está vivendo. “É uma emoção que não conseguem identificar e acabam direcionando para esse impulso alimentar”, diz.
De acordo com a psicóloga, muitas mulheres que sofrem do transtorno são bastante perfeccionistas consigo mesmas.
“Elas querem ser perfeitas porque desejam ser amadas, queridas, e não é assim que funciona. Elas têm que ser amadas por quem elas são. Muitas pacientes vêm de famílias exigentes, rígidas e com baixa transmissão de afeto. Há uma tentativa de serem aceitas através da perfeição. O autocontrole acaba sendo tão grande que desencadeia um descontrole. É uma forma distorcida de lidar com as situações difíceis da vida”, revela Cardoso.
Pressão estética
Vanessa Cardoso afirma que a compulsão alimentar é mais comum em mulheres acima dos 18 anos. A pressão estética que a sociedade impõe às mulheres acaba com que elas sejam as principais vítimas do transtorno.
“Depois da purgação há uma restrição para a busca do corpo bonito. Isso acaba gerando uma compulsão. Há períodos longos de restrição e períodos longos de compulsão. É um ciclo vicioso baseado em um pensamento obsessivo”.
Ainda de acordo com a psicóloga, os episódios de compulsão geralmente acontecem quando a pessoa está sozinha. “Quem sofre de compulsão alimentar esconde o transtorno da família. Tem vergonha. Na frente da família ou entre amigos age como uma pessoa e quando está sozinho, é outra”.
É preciso considerar ainda que o ciclo vicioso gerado pela compulsão alimentar pode causar outros transtornos como a depressão e bulimia.
Tratamentos
A psicóloga Vanessa Tavares explica que o transtorno exige ciclos longos de tratamento. “Não dá para tratar de forma leviada. É preciso levar a sério e muitas vezes requer a prescrição de medicamentos. São pelo menos 5 ou 6 anos de terapia.
Ainda de acordo com a psicóloga, o tratamento é multidisciplinar. Isso porque após o período de compulsão, muitos pacientes acabam entrando num processo depressivo e passam a viver em função do transtorno.
O tratamento requer acompanhamento semanal com nutricionista, psiquiatra e, por vezes, endocrinologista.
Fonte: ND+
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