Hipotermia e fome: mais de 10 famílias denunciam maus-tratos de creche de Florianópolis

 Hipotermia e fome: mais de 10 famílias denunciam maus-tratos de creche de Florianópolis

Professoras, ex-professoras e pais de alunos começaram a ser ouvidos nesta terça-feira (5); escritório que defende escola diz que acusações são “fake news”

Florianópolis – Mais de dez famílias já denunciaram maus-tratos que teriam sido praticados pela diretora da creche particular Bem-Me-Quer Desenvolvimento e Movimento, no bairro Capoeiras, em Florianópolis. Nesta terça-feira (5), o delegado Luis Felipe Fuentes começou a ouvir professoras, ex-professoras e pais de alunos.

Conforme o delegado, as funcionárias serão ouvidas para saber se elas presenciaram as agressões e sob quais circunstâncias, de modo a determinar se também poderão ser responsabilizadas.

Os vídeos gravados por uma ex-funcionária mostram cenas fortes. Em um deles é possível ver a suspeita “abafando” o choro de uma bebê com uma coberta.

Foto: Divulgação/NSCTV/Reprodução

Outros relatos são de fome, puxões de orelha e medo. Uma mãe contou que a filha chegou em casa com a calça suja de urina. Já desfraldada (quando uma criança não usa mais fralda), a mãe desconfiou da ação. Ao questionar a filha, a criança contou que tinha ficado trancada em uma sala e tinha “gritado muito alto, mas ninguém abriu a porta”.

Uma das mães relatou que a filha teve hipotermia porque não era agasalhada na escola. “Não queriam que as crianças ficassem com calor para não suarem e, assim, não precisarem ser trocadas”, diz.

A chefe da Diretoria de Polícia da Grande Florianópolis, Michele Correa Rebelo, disse em entrevista ao repórter Osvaldo Sagaz, da NDTV, que não foi descartada nenhuma outra possibilidade de outros crimes serem investigados.

“A cada dia chegam novas provas, novos fatos, então pode sim haver a caracterização de um delito mais grave”, destaca a delegada.

Celeridade nas investigações

O inquérito policial foi instaurado e há o prazo de até 30 dias para concluir a investigação, mas Michele assegura que o processo será acelerado para que seja concluído antes disso.

“Tendo em vista essa gravidade dos fatos, a Polícia Civil vai agilizar a investigação e estamos empenhados para finalizá-la, inclusive antes do resultado legal de 30 dias.”

Todas as pessoas que trabalham ou trabalharam no centro educacional serão ouvidas e “tem o dever legar de prestar declarações”, reforça a delegada, porque elas estavam trabalhando no momento das denúncias.

A proprietária da creche, Twuisa Alexandre Marcelino, será ouvida até a próxima semana.

Uma equipe da Secretaria de Educação de Florianópolis esteve na unidade educacional na tentativa de fazer uma visita in loco nesta terça, mas a creche já estava fechada. A equipe fez fotos e vai emitir um relatório, para apurar as condições que essas crianças estavam sendo tratadas.

Tristeza profunda

“É muito difícil para a gente, é uma tristeza absurda saber que meu filho passou por tudo isso”, disse outra mãe, que também pede para não ser identificada. O filho dela, de 2 anos, também começou a relatar fome ao chegar em casa. Ela foi a primeira mãe a ser procurada pela ex-professora da escola para relatar as agressões.

O pequeno chegou um dia em casa “caidinho”, conforme o relato. A mãe do menino acreditava ser alguma doença, como a passada por ele em dias anteriores. Mais tarde, o relato da antiga professora confirmou para a mãe que o filho teria sido puxado pela orelha da rua até a sala. Isto, segundo a denúncia, foi motivado pois a mãe estava “muito desconfiada” de alguns comportamentos da criança e teria procurado a secretaria da escola.

Creche afirma que denúncias são “fake news”

Em nota, o escritório de advocacia que defende a Bem-Me-Quer Desenvolvimento e Movimento afirma que as denúncias são “fake news”. Confira abaixo:

“Considerando as ‘fake news’ divulgadas nas redes socais e os efeitos que as mesmas causarão as atividades da escola, bem como, em face do efeito negativo de sua divulgação, e ainda considerando aos danos financeiros que referida divulgação causará ao regular desenvolvimento das atividades da escola, a direção viu-se obrigada a SUSPENDER TEMPORARIAMENTE as atividades das escola, até a apuração dos fatos, para identificação da parte que vem praticando os atos ilícitos, para retornar as atividades da escola.

Vale ressaltar que a empresa trabalha desde o ano de 2016, prestando trabalho de excelência na área de educação infantil não possuindo registro de nenhuma suposta infração, prezando pelo excelente atendimento aos pais e alunos e atuando pessoalmente no atendimento e acompanhamento dos alunos”.

Fonte: ND

foto destaque: Divulgação/ND

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O Jornaleiro

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