Ameaça de atentado em escola deixa professores apreensivos

 Ameaça de atentado em escola deixa professores apreensivos

Schroeder – Uma ameaça de atentado em uma escola municipal de Schroeder, trouxe medo para os professores, que na sexta-feira (16), se reuniram na frente da unidade para uma manifestação.

O caso ocorreu no fim do mês de agosto e envolve dois adolescentes, de 12 e 15 anos. Segundo alguns professores dos dois, esses adolescentes estariam planejando matar servidores da unidade a tiros, conforme mensagens vazadas de um grupo no Whatsapp.

Ainda de acordo com os professores, o plano não se concretizou após do aviso de duas alunas apavoradas com a situação. Posteriormente, houve a intervenção da Polícia Militar. O estudante mais velho, que supostamente traria a arma de fogo, não foi até a unidade escolar no dia combinado, sendo que ficou afastado da escola por cerca de 20 dias.

Um dos alunos envolvidos retornou às aulas por determinação da Secretaria de Educação e do Conselho Tutelar na semana passada. Os professores buscaram realizar, inicialmente, atividades em separado, mas a ordem para o retorno à sala de aula foi dada e acatada com muito receio pelos docentes. O retorno do outro estudante, mais velho e mentor intelectual da situação, deve ocorrer nos próximos dias.

Carmen Marcia Geisler Vasel, professora de língua alemã, explica que a escola tem cerca de 450 alunos entre seis e 14 anos. Segundo ela, a principal preocupação dos professores é a falta de segurança. Além da facilidade para entrar furtivamente na escola, não há um segurança. Os professores também são impedidos de realizar revista na mochila dos estudantes.

Carmen destaca que a principal preocupação dos professores é com a segurança | Foto: Fábio Junkes/OCP News

“Tudo começou com esse aluno que veio de fora para a escola. Ele já deveria estar no 9º ano, não no 7º. Assim que chegou aqui, ele começou a influenciar negativamente outras crianças. Ele está numa turma que é muito ingênua perante a idade dele, não há lógica ele estar nessa turma”, comenta Carmen.

“O diretor e a coordenação tentaram colocar ordem, os professores também. Aí, houve desavenças. Eu, particularmente, não conheço esse aluno, porque ele apareceu apenas uma vez na minha aula em três meses. Nesse dia, ele veio para a escola e começou a chutar uma bola na sala de aula. Eu acabei encaminhando ele para a orientação e o mesmo não voltou mais”, completa.

Falta de diálogo

A professora Carmen destaca que falta diálogo com a Secretaria Municipal de Educação sobre a melhor forma de ajudar os dois alunos envolvidos na situação. A docente ressalta que os professores sugeriram que os dois estudantes realizassem atividades fora da sala de aula, mas houve uma negativa por parte da administração da pasta.

“A gente não tem voz. Em nenhum momento nós nos negamos a atender os dois alunos. A gente se propôs a fazer atividades online para esses alunos, gravar as aulas e enviar o material. A resposta foi de que ele iria estar em sala de aula e ponto”, relata.

“E onde está a segurança dos outros 29 alunos? E se esse menino tem um surto na sala de aula? Nós não podemos nem olhar a mochila dele. Se ele vier com uma faca, com alguma ferramenta ou outra coisa para machucar os demais, quem vai responder por isso?”, questiona.

A docente ressalta que os pais não estão cientes do que está ocorrendo na unidade. Ela reclama que a questão deveria ser levada para discussão na comunidade escolar para buscar uma solução.

“Os pais não estão cientes do que está acontecendo. Nós, como professores, não podemos fazer nada, porque estamos, de certa forma, ameaçados também com registro de ata, com jurídico. Temos que responder por 450 crianças, enquanto que uma pessoa está sendo protegida pela entidade. Um estudante tem privilégios e os outros 450 alunos? Será que os pais têm ciência da gravidade da situação?”, reitera.

“Esse menino que foi influenciado pelo mais velho tem surtos, tem momentos instáveis em sala de aula. Foi imposto que ele voltasse para sala de aula e hoje estamos com ele lá. O outro vai ser imposto também”, completa.

Alvo das ameaças

Kezia Fernandes Garcês Martins, professora de língua portuguesa, foi um dos alvos das ameaças. Ela acredita que a situação não ocorreu por causa do aviso das alunas e também da rápida intervenção da Polícia Militar.

“Eu fiquei preocupada por que elas queriam informar o diretor. O diretor começou a investigar o que estava ocorrendo e realmente havia ameaça. Em uma conversa no Whatsapp, um deles estava esperando o outro trazer a arma. No dia que era para trazer a arma, a polícia já havia sido comunicada, um dos alunos veio, mas o outro não compareceu à escola”, destaca.

Kezia foi um dos alvos das ameaças dos alunos | Foto: Fábio Junkes/OCP News

Apesar de saber das ameaças, os professores não sabem ao certo qual a intenção dos alunos. Kezia destaca que o aluno mais velho é problemático e, de certa forma, marginalizado.

“A gente tentou abraçá-lo em sala de aula para que ele fosse acolhido. Mas essa situação foi se agravando. No ano passado, ele tentou colocar fogo na sala de aula. Ele fuma nos arredores da escola e traz isqueiro para a sala de aula. A gente tenta acolher o aluno, mas é uma situação que está fugindo do nosso controle. Ao invés disso ser abafado, precisa ser comunicado aos pais”, frisa Kezia.

Em nota a Secretaria Municipal de educação se manifestou sobre o assunto.

Confira a nota na íntegra:

“Acerca dos comentários que estão circulando sobre fatos ocorridos na Escola Municipal Professor Emílio da Silva, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura informa que vem acompanhando toda a situação, e que tomou as medidas necessárias e legais cabíveis, juntamente com a Gestão da unidade de ensino. O Ministério Público e o Conselho Tutelar já estão cientes e também tomando as providências dentro de suas esferas de atuação. Os envolvidos estão sendo acompanhados pelas equipes de saúde e de assistência social do Município. Ressaltamos que o compromisso da Secretaria de Educação e Cultura é zelar pelos direitos de todos os alunos, respeitando os princípios da legalidade e do sigilo, por se tratar de menores. Permanecemos à disposição.”

Fonte e fotos: OCP News

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O Jornaleiro

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