Botânico nascido em Corupá ganha alta condecoração em Londres
Corupá – O catarinense Harri José Lorenzi, nascido em Corupá, em 1949, ganhou uma das maiores distinções na área de botânica no mundo em Londres, Inglaterra: a The Veitch Memorial Medal, da The Royal Horticultural Society. A instituição foi fundada em 1870 e anualmente concede a condecoração a personalidades mundiais, sendo Lorenzi o primeiro brasileiro.
Harri Lorenzi é engenheiro agrônomo graduado pela Universidade Federal do Paraná e pós graduado em nível de mestrado, em 1979, pela Universidade do Tennessee. Trabalhou como pesquisador no Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e no Centro de Tecnologia da Coopersucar. Foi também pesquisador convidado da Universidade Harvard, em 1998.
Atualmente é pesquisador e diretor do Instituto Plantarum, em Nova Odessa, São Paulo. É fundador e diretor do Jardim Botânico Plantarum. Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Taxonomia de Fanerógamos, especialmente em Arecaceae.
Harri Lorenzi recebeu a condecoração no final de semana, em Londres. O JDV conversou com o pesquisador e autor de mais de 40 obras horas antes de retornar para o Brasil, na segunda-feira (14), com exclusividade. Mas, afinal, quem é ele?
Ele nasceu na Estrada Itapocu-Hansa, em Corupá, permanecendo na agricultura até os 17 anos. Quem o incentivou a estudar foi o técnico agrícola da Acaresc (hoje Epagri), Dejair Pereira, residente em Jaraguá. A conversa entre Harri e Dejair deu-se numa roça de milho que participava de um concurso estadual sobre a cultura.
“O Dejair me disse: você tem muito potencial e precisa estudar. Eu tinha feito até o 5º ano no colégio das freiras, em Corupá, onde parei em 1962. Em 1966 voltei à escola, maior do que meus colegas de sala, no meio da piazada. Sempre tirava notas boas. Fiz o Madureza em Jaraguá indo de bicicleta desde a Estrada Itapocu preparando-me para o exame em Joinville, possibilitando que estudasse no Colégio Agrícola em Araquari, onde terminei o 2º grau”, conta.
Harri diz que estudava muito, inclusive além do horário permitido no internato da escola agrícola, sendo até punido por isso e, nos finais de semana, se trancava dentro de um caminhão velho porque tinha menos barulho, para estudar. Findo o período da escola agrícola foi para Curitiba, onde fez o vestibular para agronomia, sem curso preparatório, ficando em 17º lugar.
Conta Lorenzi que Dejair Pereira novamente o ajudou conseguindo pequeno valor de bolsa de estudo para manter-se, via Comitê Nacional dos Clubes 4 S.
“Era tudo pago, nada de graça”. Finda a faculdade, trabalhou na Nestlé assistindo os produtores de leite na área de pastagem. Posteriormente foi pesquisador na IAPAR, que possibilitou-me o mestrado nos Estados Unidos. No retorno, trabalhei na Coopersucar, em São Paulo”.
Mas, sempre sonhou com um espaço para cultivar plantas raras. Em Nova Odessa, próximo de Campinas, adquiriu uma gleba de 10 hectares onde implantou o Jardim Botânico Plantarum, onde faz experiências botânicas. Em 2011 foi aberto ao público, “não como negócio, mas para pesquisa, conservação e divulgação da flora brasileira”, observa.
Extensionista Dejair Pereira é o seu grande inspirador
O pesquisador Harri Lorenzi não sabe como foi a sua indicação a Veitch Memorial Medal, da The Royal Horticultural Society, de Londres. “Talvez seja pelos meus trabalhos que já são conhecidos”, acredita. Ele é o primeiro brasileiro a receber a condecoração.
Lorenzi faz questão de frisar que o extensionista Dejair Pereira foi o seu grande inspirador para estudar, desde o contato havido na roça de milho na Estrada Itapocu, em Corupá, como também no incentivo econômico por meio de bolsa de estudos que ajudou a conseguir.
“Sou muito grato e espero ainda conversar pessoalmente com o Dejair”, completa.
* As informações ao JDV foram passadas via WhatsApp direto de Londres para o editor Flávio José Brugnago
Matéria na íntegra: JDV
Fotos: Divulgação